EXCLUSIVO
“Você estava sentido falta de uma análise mais aprofundada sobre as premissas contidas na proposta de reforma do setor elétrico? Pode ser, claro, que a essa altura dos acontecimentos algumas delas estejam desatualizadas ou foram até limadas. Ainda assim vale uma reflexão sobre os temas macro abordados. Com essa demanda em mente, o nosso subeditor, Maurício Godoi, entrevistou Ângela Gomes, a diretora da PSR, olho que tudo vê, e o resultado ficou bem bacana. Até porque a consultoria soltou um boletim, o respeitado Energy Report, com esse tema como foco central. Dá para ler uma síntese da conversa, mas a entrevista, gravada em vídeo, está disponível na íntegra.
São quase 60 minutos de muita informação! Mas, calma! Acesse esse conteúdo daqui a pouco, depois de acabar de ler a Volts, porque eu preciso te dizer que a reportagem especial desta semana, de autoria do colega Pedro Aurélio Teixeira, também está imperdível! Ele ataca mais um tema campeão de audiência: data centers! O Brasil tem energia limpa de sobra, o que é um atrativo e tanto para esse tipo de empreendimento, só que o que está pegando é a falta de espaço na rede de transmissão. Apesar dos desafios, o crescimento do interesse é significativo, com pedidos de conexão ao MME (Ministério de Minas e Energia) indicando uma demanda que pode atingir 9 GW até 2035. Por outro lado, a preocupação é de que os investimentos necessários em transmissão para esse atendimento acabem se transformando em custos excessivos para os consumidores, caso nem todos os potenciais projetos se concretizem.”
ECONOMIA
“E vamos ao resumão bem recheado de alguns dos principais assuntos abordados pelo CanalEnergia na semana que passou. Os números não mentem e, por isso mesmo, sempre surpreendem. Sabia que entre 2014 e 2023 os eventos climáticos causaram quase metade dos desligamentos em linhas de transmissão? A EPE (Empresa de Pesquisas Energéticas) chegou a essa conclusão a partir da compilação de dados fornecidos pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico). O xadrez dessa história é combinar resiliência com viabilidade econômica.
E por falar em transmissão, com energia saindo pelo ladrão no Nordeste, mas sem rede com espaço disponível para escoar, o risco de submercado em relação ao Sudeste deve se manter ainda o longo de 2025. Pelo menos é o que a Eletrobras prevê. A empresa, aliás, não teve um primeiro trimestre muito feliz. Amargou um prejuízo de R$ 81 milhões. O motivo foi uma revisão feita pela Aneel na base de ativos regulatórios da controlada Chesf. No mais, para compensar o mal jeito, a receita bruta da ex-estatal cresceu 15,6%.
Recursos para armazenar a geração sobrante viriam bem a calhar. Mas, enquanto isso não rola na real, ficamos na promessa. Lá na China, o ministro de Minas e Energia, Alexandre da Silveira, e o Senai firmaram um memorando de entendimento (MoU) com a empresa Windey Energy Technology. A previsão é de que seja criado no Brasil um centro de pesquisa e desenvolvimento dessa tecnologia aqui no Brasil.
Também da terra do Tik Tok veio a informação de que o Silveira conversou com a galera dessa rede social, porque haveria interesse de instalar um data center de R$ 50 bilhões no Ceará.
E dá-lhe China! Porque, se nos EUA, o governo não quer saber de carros elétricos do país asiático, o mundo está de braços abertos para o produto. As vendas estão bombando em nível internacional. Os veículos chineses dispararam na liderança. Tanto é que é representaram quase metade das comercializações realizadas em 2024.
Mas quem deve estar feliz da vida mesmo é a Âmbar Energia. Pelo menos uma negociação envolvendo interesses no Amazonas deu certo, finalmente. A empresa do grupo J&F conseguiu comprar da Eletrobras 12 termelétricas negociadas em junho do ano passado e que ficam localizadas naquele estado da federação. A propósito, em relação aos enferrujados entendimentos envolvendo a aquisição da Amazonas Energia, a Âmbar Energia propôs à Aneel manter sem alteração flexibilizações regulatórias relativas à concessionária, em mais uma tentativa de destravar o negócio.
Bem preocupada mesmo segue a Eletronuclear. Com o cheque especial no vermelho, presidente de saída e o “vai-não-vai” da construção da usina Angra 3, pelo menos a companhia foi bem sucedida ao firmar um novo acordo coletivo com seus empregados. Documento assinado pela base de colaboradores garante a reposição integral da inflação até abril de 2026.
Mais tranquilo mesmo deve estar o presidente Lula. As despesas com consumo de energia no Palácio do Alvorada, residência oficial do chefe da nação, devem encolher em cerca de R$ 1 milhão. A
Neoenergia, em parceria com o Governo Federal, vai investir na instalação de uma usina solar junto ao edifício projetado por Oscar Niemeyer. Pelo menos ele e seus sucessores não vão precisar se preocupar com a conta de luz ao longo dos próximos anos”
POLÍTICA
“Deu ruim mais uma vez a homologação do novo Estatuto Social da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica). Lembrando que há cerca de seis meses, a diretoria colegiada decidiu rejeitar a nova proposta de texto encaminhada pela organização e determinou que fosse apresentada uma nova versão. A primeira delas, para se ter uma ideia, é de maio de 2024. O último conteúdo atualizado chegou a ser aprovado em assembleia de agentes realizada em 18 de dezembro último. Na reunião da semana passada, foi a vez do diretor Fernando Mosna pedir vistas do processo. Ele apontou ilegalidade em pelo menos um ponto do documento que permitiria à CCEE decidir sobre a distribuição do número de votos na Assembleia Geral, avançando sobre uma questão que é tratada na Convenção de Comercialização de Energia Elétrica. Mosna ainda levantou a possibilidade de que outros dispositivos do texto, não identificados pela agência, possam estar igualmente incompatíveis com o que diz a legislação e os decretos que tratam no assunto. De volta à velha prancheta.
E esse não foi o único tema que não avançou na ocasião. O reajuste da CPFL Santa Cruz acabou adiado por mais uma semana. Da mesma forma, não houve consenso quanto ao Reajuste Tarifário Extraordinário (RTE) da Light. Nesse caso, em especial, foi a diretora Ludimila da Silva quem pediu vistas. Nesta terça-feira, 20 de maio, quem deixa o cargo é Ricardo Tili.”
CONSUMO E COMPORTAMENTO
“A Light e o Disque Denúncia firmaram uma parceria para combater os furtos de cabos e fraudes no fornecimento de energia elétrica no Rio de Janeiro. A população já pode reportar, de forma anônima e 24 horas por dia, crimes como ligações clandestinas e roubos de fios. As denúncias podem ser feitas pelo telefone ou WhatsApp (21) 2253-1177. Ou ainda pelo aplicativo “Disque Denúncia RJ”. Portanto, viu alguma movimentação suspeita na sua região, não fique aí comendo mosca, dá logo um zap!
O setor elétrico está muito contente porque a EDP Espírito Santo deve ter seu contrato de concessão renovado pelo MME. Só que o consumidor da companhia pode não estar enxergando vantagem ainda. A Aneel vai abrir consulta pública com proposta de revisão tarifária. A conta dos capixabas deve ter aumento médio de 11,65% a partir de 7 de agosto.
E se aquele parente bem distante, lá do meio da região da Amazonia Legal, ainda não tem luz elétrica decente em casa, a culpa é da precariedade dos sistemas isolados e do alto custo da geração fóssil. Quem aponta esses problemas é a consultoria Envol, num estudo preparado por encomenda da Frente Nacional de Consumidores de Energia.”
PRODUÇÃO DE HIDROGÊNIO DE BAIXO CARBONO
(...), “a Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) atualizou para 102 o número de projetos no país voltados à produção de hidrogênio de baixo carbono. Conforme a nota técnica “Panorama do hidrogênio no Brasil e no RJ: desafios e próximos passos”, disponível inclusive para download no site da instituição, o combustível é tido como um forte vetor de descarbonização de plantas industriais em setores como siderurgia, refino e petroquímica, por exemplo. Outra boa notícia, desta feita no campo da comercialização, é que a CCEE está usando agora com um supercomputador de alto desempenho. A nova máquina é capaz de potencializar a execução dos modelos que sustentam o planejamento do futuro do setor. Como resultado, há um ganho de eficiência de até 87% no tempo de processamento das simulações. Sem se falar no aumento expressivo da capacidade de análise simultânea de cenários para o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) e condições energéticas.”
CADUCIDADE DE PROJETOS DE TRANSMISSÃO DA MEZ ENERGIA
“A diretoria da Aneel decidiu recomendar a caducidade de projetos de transmissão da MEZ Energia. São, nada mais, nada menos, do que cinco empreendimentos frustrados de uma só vez. Um verdadeiro strike. A fiscalização do órgão regulador verificou que não houve avanços físicos para contratos firmados em 2021. Em outras palavras, parece que sequer saíram do papel. A empresa chegou até a entrar com pedido de excludente de responsabilidade, mas que foi negado por unanimidade, sem choro, nem vela. Num outro caso, a agência revogou as autorizações das usinas fotovoltaicas Altitude 1 a 15, que somariam 657 MW de capacidade instalada. Essas instalações deveriam ter entrado em operação comercial até 31 de janeiro de 2023. Isso não aconteceu porque simplesmente as obras estão paralisadas há mais de três anos. Nesse período houve integralização de apenas 0,01%. A conclusão é que a obra ficou estagnada todo esse tempo e, portanto, se tornou inviável.”
Fonte: VOLTS By CANALENERGIA – 159ª edição de 20/05/2025