Por Sandoval Feitosa
Diretor - Geral na Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica
As conclusões do Regulador - Ofgem e do Governo Britânico podem ser utilizadas para discutirmos as necessárias e urgentes mudanças no sistema elétrico brasileiro.
A expansão de renováveis continuará a pressionar as tarifas não pelo custo de produção que é cada vez menor, mas sim pelos desnecessários subsídios que distorcem o custo final ao consumidor que se vê em um paradoxo - reescrever a lei geral da economia : maior oferta, maiores preços.
Além de preços maiores o consumidor ainda corre o risco de ser chamado a pagar pelo excesso da oferta.
O setor elétrico inglês já possui um sinal de preços melhor que o sistema elétrico brasileiro- tarifas horárias, sinal de preço, mas ainda assim está buscando melhorar o sinal de preço. No Brasil, com tarifa monômia e volumétrica na baixa tensão há mais de 100 anos, terá de acelerar sinais de preço de mercado eficientes para demanda, redução dos subsídios desnecessários na geração, otimizar a expansão da transmissão para reduzir custos, além de aprimorar os sinais de preço para expansão da geração.
Enfim, a reforma do setor elétrico brasileiro nos anos 90 teve o setor elétrico inglês como referência. Essa nova reforma do setor elétrico brasileiro, em face a um ambiente de tantas mudanças tecnológicas, poderia avaliar os eixos principais da reforma do setor inglês. Agradeço a Luiz C G Silva, PhD pelos insights!!
Luiz CG Silva – PhD
A geração e o armazenamento de energia distribuído, junto a carga, trazem benefícios para consumidores C&I (Commercial and Industrial), sem onerar o consumidor residencial. Essa arquitetura endereça parte das preocupações do regulador no Reino Unido (Ofgem) e no Brasil (ANEEL).
As preocupações da ANEEL com o equilíbrio de mercado estão nas páginas amarelas de Veja dessa semana, entrevista do Sandoval Feitosa ( https://lnkd.in/d7aPzs6t )
O REMA (Review of Electricity Market Arrangements: revisão das regras do mercado de eletricidade), no Reino Unido, (https://lnkd.in/dfyq8k5v) tira foco de “preço por região”. O alvo virou custo total ! Menos distorção na conta, mais planejamento do local de geração e flexibilidade remunerada.
O Reino Unido foi atrás do porquê a conta não baixava mesmo com mais renováveis. Em vez de criar zonas de preço, manteve preço nacional e mexeu onde afeta preço final.
Os princípios:
— Sinais de localização para nova geração via rede e conexão (não no preço do atacado).
— Planejamento espacial obrigatório (SSEP) dizendo onde faz sentido gerar, e não guiada pelas facilidades de desenvolvimento dos projetos de geração.
— Operação do sistema centrada na flexibilidade (baterias e resposta da demanda gera receita).
Resultado esperado: menos curtailment, menos custo de restrição, mais previsibilidade para investir.
1. Motivação do REMA: reduzir custos sistêmicos (restrições/curtailment), acabar com filas de conexão, dar sinais locacionais previsíveis e integrar mais flexibilidade; tudo mirando um sistema justo, acessível, seguro e eficiente.
2. Decisão (jul/2025): manter preço nacional e seguir com “preços nacionais reformados” (sinais fora do preço + planejamento espacial + reformas de balanceamento/contratos).
3. Trâmite atual: governo prepara um Delivery Plan do “Reformed National Pricing” (2025); a 1ª versão do SSEP sai em 2026 pela NESO; parte das mudanças exige lei e alterações de regulamentos com a Ofgem.
(REMA no GOV.UK: https://lnkd.in/dfyq8k5v)
Fonte: Linkedin