EXCLUSIVO
Com 2025 já caminhando para o seu final, a COP30, em novembro, em Belém do Pará, sem dúvida, vai ser um tema cada vez mais presente. Faz tempo que o CanalEnergia entrou nessa vibe, dedicando amplo espaço ao evento em seu noticiário. Desta vez é o repórter Henrique Faerman quem traz muitas reflexões oportunas na reportagem especial desta semana. Segundo sua apuração, especialistas são unânimes em apontar que o Brasil enfrentará um de seus maiores testes diplomáticos e logísticos. Fora a questão da hospedagem a preços que beiram o surrealismo, o encontro, presidido pelo embaixador André Corrêa do Lago, ocorre em meio a um cenário global turbulento — marcado por guerras, tensões comerciais e o retorno de Donald Trump à Casa Branca, com impacto direto nas negociações climáticas. O país, que conta com matriz elétrica altamente renovável, aposta em seu modelo como vitrine para inspirar soluções globais. Entre os principais desafios estão o resgate do multilateralismo, a definição de metas mais ambiciosas, o financiamento da transição energética e a implementação efetiva de compromissos já assumidos. ONGs e ambientalistas também pressionam para que a conferência avance na justiça climática, valorizando saberes tradicionais, e enfrente contradições como a exclusão elétrica na Amazônia. A expectativa é de que a COP 30 seja lembrada não apenas como palco de incertezas, mas como espaço para ações concretas rumo à descarbonização em 2050.
ECONOMIA
Começando aqui pelo topo da pirâmide, tudo indica que a dança das cadeiras no primeiro escalão do MME acabou. Pelo menos por enquanto. João Daniel de Andrade Cascalho foi nomeado Secretário Nacional de Energia Elétrica. Ele entra no lugar de Gentil Nogueira, que já está oficialmente nomeado diretor da Aneel. Boa sorte a ele porque trabalho não vai faltar na inesgotável tarefa de tentar conciliar interesses de gregos e troianos no setor.
Está todo mundo de olho no ágio resultante do leilão de GSF. A ideia agora é que o valor excedente, coisa de R$ 559 milhões, seja usado para quitar, de uma vez por todas, o resíduo ainda pendente no MCP (Mercado de Curto Prazo). O buraco anda hoje na casa de R$ 300 milhões. Mas já se cogitou também pegar essa bolada toda para abater direto na CDE (Conta de Desenvolvimento Energético). A decisão final deve acontecer no âmbito da MP 1300.
Se a sobra milionária vai ou não aliviar a CDE, para diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, a Comissão Mista que debate a MP 1300 faria um grande favor se incluísse no relatório final um jeito de tornar mais flexível a atual estrutura tarifária. Segundo ele, isso permitiria a modulação de tarifas de forma dinâmica para atendimento às variações de carga ao longo do dia. A conferir.
Ainda falando da Aneel, em reunião com representantes de associações e instituições, a agência pontuou convergências no que se refere ao fechamento da terceira fase da Consulta Pública nº 45/2019. Objetivo é buscar equilíbrio e rapidez para equalizar o desafio do curtailment. A discussão é pra lá de intrincada, mas a notícia positiva é que boa parte das soluções está sob a jurisdição regulatória. Assim seja.
E por falar um curtailment, tem muita gente preocupada com o futuro da MMGD, é bom saber, portanto, que a Aneel incluiu a geração distribuída na Agenda Regulatória do biênio 2025-2026. O tema está presente na primeira revisão do documento aprovada na última terça-feira, 2 de setembro. A proposta é aprovar, no ano que vem, regras para apuração dos impactos da alta penetração de modalidade na operação do SIN (Sistema Interligado Nacional). Vai dar muito o que falar.
POLÍTICA
Não adianta querer disfarçar porque o assunto não sai da pauta. Em dois importantes eventos na semana passada ele, sim, o atendimento à demanda, foi prato de resistência durante os debates. Claro, o ONS segue alertando para os riscos crescentes de desequilíbrio. Embora a situação atual seja considerada “administrável”, o ONS aponta déficit estrutural de potência e cobra urgência na realização do Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP). Para se ter uma ideia, a ponta noturna, sem o apoio da solar, já exige até 20 GW de térmicas para atender a uma demanda que chega a 100 GW, enquanto a incerteza hidrológica para 2026 e 2027 aumenta a vulnerabilidade. O ONS defende que não há mais espaço para hesitação: sem contratação de potência firme, o Brasil se aproxima de um ponto de não retorno na segurança energética. É tipo assim, um ultimato.
CONSUMO E COMPORTAMENTO
O consumidor brasileiro está naquela situação do “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. Ainda há muita dúvida sobre se vai mesmo valer a pena deixar de ser cativo e partir para o incerto mundo da energia livre ou ficar e ter o salário devorado por tarifas cada vez mais famintas. A julgar por um recente estudo da TR Soluções, parece que a escolha tende a ficar cada vez mais desafiadora. É que segundo a consultoria, a falta de alinhamento entre Executivo e Legislativo no planejamento do setor elétrico aumenta o risco de onerar ainda mais o bolso. A conclusão é que contratações compulsórias de energia, determinadas por leis e medida provisória, podem gerar aumento médio de 1,4% a 10,1% nas tarifas residenciais até 2035. Mas, calma. No mercado livre, o impacto também é significativo: o encargo de energia de reserva pode subir até R$ 82 MWh. O jeito é apelar para os búzios.
COMPARTILHAMENTO DE POSTES – SP
Nem só de críticas e multas vive a Enel SP. Tem notícia boa também. A concessionária retirou da sua rede mais de 5,3 toneladas de cabos e equipamentos clandestinos de telecomunicações no primeiro semestre de 2025. A operação, que visa reduzir riscos de acidentes e a poluição visual, teve como destaque uma ação realizada na região da Avenida Paulista, área nobre da capital paulista. Ali foram removidos, nada mais, nada menos, do que cerca de 800 quilos de materiais. A discussão em torno do compartilhamento de postes, aliás, segue emperrada no governo.
EVENTOS CLIMÁTICOS EXTREMOS
Presentes em várias obras da cena literária gaúcha, os ventos do Sul fazem jus à fama e estão cada vez mais e mais impactantes. Na semana passada, eles nocautearam sete torres de transmissão de um só vez. Aí um desligamento total atingiu a Subestação Santa Vitória do Palmar, no Rio Grande do Sul. O incidente resultou na interrupção de 11 MW de carga da CEEE-Equatorial e na rejeição de cerca de 50 MW do Conjunto Eólico Santa Vitória do Palmar. O estrago deixou muita gente sem luz por um longo período, mas a geração de energia foi retomada pouco mais de 40 minutos após o evento.
ENERGY SOLUTIONS SHOW
E já no espírito dos preparativos para o Energy Solutions Show, acontece no dia 24 de Setembro um webinar imperdível e inteiramente gratuito. É o “Eficiência Energética: Estratégias essenciais para gestores de energia”. Faça inscrição e conecte-se à plataforma Zoom, a partir das 10h. Você vai conhecer estratégias para transformar eficiência energética em vantagem competitiva e entender como reduzir custos operacionais e maximizar o ROI com a migração para o mercado livre. E tem mais!
Serão apresentados Cases de sucesso e tecnologias inovadoras para otimizar o consumo de energia. Anote aí os nomes dos painelistas: Silla Motta, CEO da Donna Lamparina e embaixadora CanalEnergia; Gabriel Duarte, Gerente de Regulação e Comercialização de Energia do Grupo Amaggi; Ângela Oliveira, Especialista em Relações Institucionais; Kleiton Streuli, Coordenador de Manutenção na Sabó Indústria e Comércio de Autopeças.
E não se esqueça, já anota na agenda aí, o Energy Solutions Show está marcado para os dias 22 e 23 de abril de 2026, no Distrito Anhembi!
MP 1.300
A Comissão Mista no Congresso Nacional que cuida da MP 1300 aplicou uma dose de Ozempic no texto. Emagreceu o conteúdo ao máximo para evitar o risco da “caducagem”. Por isso, aprovado na quarta-feira passada, dia 3, o relatório apresentado pelo deputado Fernando Coelho Filho (União-PE) ficou bem enxuto. Está concentrado na ampliação da tarifa social de energia elétrica. Deixou de fora temas considerados polêmicos, como a prorrogação de concessões hidrelétricas, mudanças na contratação regulada e regras da CCEE. Esses pontos foram transferidos para a MP 1304, relatada pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM), que deve iniciar tramitação em outubro. Se tudo correr como previsto, essa sim deve levar a muitas mudanças no setor elétrico. Agora é esperar para saber qual será o score de emendas.
ANGRA 3
Se a opção do Executivo for aprovada vamos ter fogos de artifício de um lado e ranger de dentes do outro. Sim, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, entregou ao CNPE um novo voto em defesa da retomada de Angra 3. Após sucessivos adiamentos, o governo voltará a discutir o assunto na próxima reunião do colegiado, que vai acontecer provavelmente na segunda quinzena de setembro, segundo Silveira. Caso os integrantes do CNPE ergam seus polegares, em sinal de aprovação, a comunidade nuclear deve fazer uma festa daquelas. Já do lado da comunidade ambiental o clima será de velório. O empreendimento, que passou por paralisações ao longo do tempo, já consumiu R$ 12 bilhões. A estimativa do BNDES é de que o custo para terminar ou abandonar a obra dá em empate. Ou seja, os gastos são calculados em R$ 20 bilhões para ambas as opções. Mas o que chamou mesmo a atenção foi uma fala de Silveira sobre qual deverá ser o posicionamento do Brasil, frente à recente escalada mundial de tensões geopolíticas. Segundo ele, no longo prazo, o país vai ter que repensar a limitação constitucional do uso da fonte nuclear para finalidades pacíficas, considerando a necessidade e desenvolver instrumentos de defesa.
Fonte: VOLTS BY CANALENERGIA – 175ª EDIÇÃO DE 09/09/2025